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Artigo de Opinião


“A internet me aproximou do mundo, mas me distanciou da vida. Entro no banco pela internet, leio revistas pela internet, baixo música, ouço rádio pela internet, compro comida pela internet, alugo vídeos pela internet, converso pela internet, estudo pela internet, jogo pela internet e faço sexo pela internet...” – Martin, personagem de Javier Drolas em “Medianeras: Buenos Aires da Era do Amor Virtual”.

São Paulo, 6 de maio de 2016, estação da Sé, uma das mais movimentadas da metrópole paulista. O relógio marca 6h27 e multidões atravessam os corredores e galerias, entrando e saindo dos trens, alguns indo para o trabalho, outros para a faculdade, muitos ainda retornando de seus afazeres noturnos, porém, apesar da disparidade de estilos e objetivos, grande parcela dessa multidão carrega algo em comum: o , e junto dele a necessidade de se conectar e se comunicar com sua rede de contatos. A iniciativa do metrô de disponibilizar sinal livre de WiFi em algumas de suas estações faz com que o tráfego de pessoas muitas vezes seja interrompido por aquelas que param para checar suas atualizações, responder mensagens, e-mails, algumas chegam a passar horas sentadas nos espaços abertos da estação, desfrutando do livre acesso.


Segundo André Lemos, este fenômeno é parte do processo de estruturação de uma cibercidade, que sugere que os espaços públicos e privados sejam repensados para atender esta necessidade de conexão. Podemos dizer então, que São Paulo é uma cidade muito próxima a se tornar uma cibercidade, dizemos próxima pois apesar de todo o avanço tecnológico, a discrepância entre níveis sociais e a falta de maiores espaços de instrução e mesmo de conexão coletiva, acaba dificultando que boa parcela da população se enquadre neste contexto.


Em contrapartida, com a facilitação da aquisição de dispositivos portáteis, como e , junto da popularização dos chamados “pacotes de dados”, o acesso à rede mundial de computadores tem crescido de forma assustadora, mesmo entre as camadas mais baixas da população. Este crescimento faz com que surjam a cada dia milhares de novos usuários, consumindo e produzindo internet.


INTELIGÊNCIA COLETIVA OU INDIVIDUALISMO EM REDE?


Primeiramente devemos entender o que é inteligência coletiva. Para James Surowiecki a inteligência coletiva é a sabedoria das multidões, ou seja, o compartilhamento de informações, conhecimentos e experiências afim de se obter uma nova e ampla visão sobre determinado assunto. Ele acredita que caso um grupo compartilhe suas visões, opiniões e valores, afim de solucionar determinado problema, a solução encontrada pelo grupo será incomparavelmente melhor que a de qualquer indivíduo isolado do mesmo. Portanto, temos na internet um grande facilitador para o desenvolvimento de tal conceito, uma vez que é um ambiente neutro, onde praticamente todos podem expor suas experiências e conhecimentos.

Já o individualismo em rede, segundo Castells, trata-se de um modelo social e não de um mero agrupamento de indivíduos isolados. Ou seja, cada usuário da internet se conecta, consome e produz informações apenas daquilo que lhe chama atenção, por muitos fatores isso pode acabar prejudicando o desenvolvimento da inteligência coletiva, uma vez que a troca de informações continua sendo segmentada, mesmo em ambiente compartilhado.

Nas palavras do pesquisador Martin-Barbero, “nós estamos caminhando rumo a inteligência coletiva”, logo, ainda existe um caminho a se percorrer. Segundo Barbero, precisamos parar de imaginar que as transformações tecnológicas e comunicacionais se dão por acaso, tudo está intensamente interligado com as transformações sofridas no nosso conceito de sociedade, o formato de família, de ensino, política, enfim, o que acontece no âmbito virtual e coletivo é reflexo direto do nosso cotidiano pessoal.


A INTERNET ME APROXIMOU DO MUNDO, MAS ME DISTANCIOU DA VIDA.


Inúmeros estudos são feitos para se avaliar os efeitos da utilização da internet, e apesar dela ser uma poderosa ferramenta de compartilhamento de informações, muitos destes estudos são preocupantes. Bauerlein, em sua pesquisa, aponta que temos uma geração de pessoas que se consideram privilegiadas por ter acesso a toda essa informação mas que possuem um conhecimento muito raso sobre grande quantidade de assuntos. A facilidade do acesso ao conteúdo nos impede de nos aprofundar, pois sempre que precisamos, a informação está disponível. Vivemos na geração , assim como o relato do personagem fictício, Martin, possuímos o universo ao alcance de nossos dedos, porém não possuímos experiências com praticamente nada que não esteja . Convivemos com pessoas que possuem a capacidade de raciocínio intelectual limitadas aos 140 caracteres de um tuíte, e o pior de tudo, achamos isso normal.

Analisamos todos os pontos supracitados e chegamos à conclusão de que realmente ainda existe um longo caminho a ser percorrido até alcançarmos a inteligência coletiva. Antes é necessário trabalharmos os nossos alicerces culturais, políticos, educacionais e familiares. Precisamos ensinar as próximas gerações a dominarem a tecnologia, e não serem dominados por ela, a valorizarem o trabalho em equipe, respeitando as particularidades e experiências de cada um e utilizando-as para um bem comum. Enquanto não conseguirmos deixar de pensar apenas no que é importante para nós e passarmos a nos colocar em situação de empatia para com os demais, jamais sairemos da era do individualismo em rede.


Integrantes do grupo:

Alexsandra Soares Ferreira Lima 1647099-1

Beatriz Santos 1625700-6

Daniel de Albuquerque Gomes Teixeira 1641096-3

David Santos Souza 1640880-2

Emanuel Pereira Durval 1631071-3

Fábio Santamaria 1643061-6

Gustavo Vinicius Fonseca 1637524-6

Jocimara Gomes de Assis 1639188-8

Maicon Douglas Costa Silveira 1646212-2

Marcela Regina de Lima Rita 1627423-7

Nathalia de Oliveira Cândido 1645576-2

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