As duas faces da internet
O Yin e Yang é um símbolo muito representativo da filosofia chinesa, ele é basicamente a simbolização do mal e do bem juntos, em equilíbrio, em que dentro do mal há sempre um pouco do bem, e dentro do bem um pouco do mal. Tal símbolo resume muito bem a nossa atual sociedade tecnológica da internet, que nos trouxe uma extrema facilidade em nossas vidas, como na comunicação com parentes e amigos por meio de redes sociais, ainda acesso a serviços do cotidiano como pagar uma conta, ou compra de produtos, também acesso à informação além de uma outra infinidade de benefícios.
A vida no século 21 nos tirou o tempo e nos deu facilidades para conseguir viver com essa falta de tempo em meio a tanta correria. Necessitamos da internet nos dias de hoje, porque não há nada que queiramos fazer que não seja possível por meio dela, não precisamos mais sair de casa para comprar qualquer coisa desde comida, roupas, móveis, aparelhos eletrônicos até mesmo carros e casas, pois existem milhares de aplicativos de compra online para isso. Para pagamento de contas do que foi comprado também não há necessidade de nos locomover, basta ter acesso a nossa conta bancária online que temos a opção de pagar quaisquer contas por meio do celular ou computador. Conversar com alguém distante, conhecer novos amigos até encontrar uma namorada é possível com a internet que está sempre facilitando nossa vida, mas será que só facilitando mesmo? Será que não estamos ficando preguiçosos com tudo isso? Essa extrema facilidade de fazer tudo sem sairmos de casa não está nos deixando reclusos e dependentes dela? A internet é de fato 100% positiva para nossa sociedade?
Desde a vinda da internet em nossas vidas, laboratórios, neurocientistas e estudiosos como Manuel Castells e André Lemos buscam saber os benefícios e malefícios que a internet e o comportamento em rede nos trouxeram na nossa sociedade. Um desses estudiosos é o francês Dominique Wolton, mestre no assunto comunicação em sociedade, atual Diretor de Pesquisa do laboratório Informação, comunicação e objetivos científicos da C.N.R.S. maior órgão de pesquisa cientifica da França. Dedicado a estudar a comunicação e sua relação com os indivíduos dentro da mídia e internet, e como viver com os atuais meios de se comunicar por redes sociais e afins. Recentemente, Wolton foi entrevistado por um Jornal a respeito dos efeitos negativos que a interação social pode nos trazer, quando lhe foi perguntado, qual sua opinião sobre as redes sociais, sua resposta foi que “Elas retomam uma questão social muita antiga, que é a de procurar pessoas, amigos, amor. São um progresso técnico, sem dúvida, mas a comunicação humana não é algo tão simples. Porque em algum momento será preciso que as pessoas se encontrem fisicamente - e aí reside toda a grandeza e dificuldade da comunicação para o ser humano.” Ainda sobre o assunto, Wolton defende que tais redes sociais aumentam gradativamente a “sociedade individualista em massa”, e para Wolton a solidão em rede é um grande risco pois “podemos passar horas, dias na internet e sermos incapazes de ter uma verdadeira relação humana com quer que seja.”
Seguindo o pensamento do renomado diretor da C.N.R.S. é notável que esses acontecimentos são visíveis na nossa sociedade, a necessidade de estar conectado na rede nos afasta da realidade, fazendo dela, a internet, nossa única vida. Diariamente, presenciamos no nosso cotidiano pessoas que evitam o contato físico, tornando-o algo superficial, destacando somente a importância de seu status on-line, sendo a única a que se deve preocupar, muitas vezes não apenas evitando, mas sim por que não sabem como se comunicar face a face, deixando como foco a relação virtual. Falando dessa forma não parece tão alarmante, claro, pensamos “todos temos ou já tivemos atualmente alguma relação forte com alguém na internet, é normal”, bem nem sempre, prova disso é o que ocorre em Akihabara no Japão, cidade com menor índice de natalidade no país, não por motivos naturais, mas sim porque uma parte dos seus homens, a maioria jovens de 16 a 19 anos, estão trocando relacionamentos reais e carnais com mulheres por um jogo chamado Love Plus, no qual o jogador cria seu personagem e começa um relacionamento com a garota do game, tendo assim um namoro virtual entre humano e máquina. Essa situação toda dos homens nessa cidade estarem trocando mulheres reais para as de um game podem não parecer reais, mas uma pesquisa do Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar, em 2010, afirma que 36% dos japoneses com idades entre 16 e 19 anos, não têm interesse em sexo – o dobro do registrado no levantamento realizado dois anos antes, a internet e a influência pornográfica online, ajudam a falta de interesse carnal dos japoneses, aponta a pesquisa, provando que o extremo isolamento em rede é um dos fatores que esta afetando a relação humana no Japão.
Estudos recentes comprovam que essa obsessão virtual pode não só nos prejudicar socialmente, mas também mentalmente, deixando-nos não somente necessitados da vida virtual, mas viciados compulsivos, com diversas mudanças no cérebro, e em alguns casos chegando a se comparar com as mudanças causadas por drogas, como álcool e cocaína comprova um estudo feito na China, este estudo revelou que o uso extremo da internet causa uma redução da substância branca do cérebro, ou seja, dos cabos neurais que garantem a comunicação entre as diferentes zonas do cérebro. Ou seja, os problemas cerebrais que a dependência pela internet causa são iguais da dependência química do álcool e das drogas ilícitas, os sintomas são os mesmos: o tempo que o usuário fica online, as mudanças de humor, a tolerância ou a necessidade de aumentar as doses, as crises de abstinência e as tendências a recaídas. Inclusive clínicas onde tratam dependentes químicos também estão levando para suas dependências viciados em internet para ter um tratamento como o usado para usuários de drogas. Clínicas no Brasil também adotaram os métodos por conta da procura crescente no tratamento, isso porque a ATKearney, uma consultoria de negócios constou que o Brasil é o pais líder em viciados em internet no mundo, com números na frente de países de grande populações como Estados Unidos, China e Japão.
Vemos que em busca da evolução da sociedade e sua comunicação virtual se não tratadas com equilíbrio o retrocesso é eminente, e o problema do individualismo virtual será um dos maiores vilões que iremos enfrentar nas gerações futuras de nossos filhos, desde cedo se alastrando rapidamente com adultos jovens e crianças, sabendo que o primordial com a criação de nossas tecnologias era o domínio de tais para o nosso bem e evitar que o contrário aconteça.
Integrantes do grupo:
Luana Lucia RGM 1609549-9 Renata Cunha RGM 1610052-2 Alexandre Lopes RGM 1627288-9 Tulio Rodrigues RGM 1636017-6 Lucas Andrade RGM 1642946-0 Bruna Sipan RGM 1643577-0 Jefferson Guimarães RGM 1644228-8